A importância da valorização dos sotaques regionais nas campanhas de áudio

Tendência vem ganhando espaço tanto no mercado publicitário interno como externo

Direcionar os holofotes para os sotaques regionais como parte fundamental na construção da identidade de peças de áudio está se tornando uma forte tendência tanto do segmento de publicidade nacional como internacional. Isso porque o sotaque configura um aspecto relevante que reflete o posicionamento de uma marca e mais: amplia as diversas possibilidades na criação de peças publicitárias.

Para Bia Ambrogi, presidente da APRO+SOM (Associação Brasileira de Produtoras de Som) os sotaques regionais desempenham um papel significativo nas locuções de comerciais de publicidade, proporcionando autenticidade e uma conexão mais próxima com o público-alvo. Segundo ela, ao incorporar sotaques locais, as marcas conseguem estabelecer uma identidade regional, transmitindo uma sensação de proximidade e familiaridade.

“Isso cria uma experiência mais personalizada para os consumidores, que se sentem representados e compreendidos. Além disso, os sotaques regionais podem ser estratégicos para adaptar a mensagem ao contexto cultural específico de uma área geográfica, tornando a publicidade mais relevante e persuasiva para diferentes segmentos de mercado”, ressalta Bia.

Matheus Gugelmim, sócio e diretor de projetos da produtora de áudio Vox Haus, destaca que o sotaque regional é extremamente importante para a criação da identidade de uma marca que se posiciona, que está presente em todos os lugares e que se comunica com todos, ou, de forma inversa, comunica para um público específico, que irá se identificar ainda mais com a mensagem da campanha.

Ele lembra que existe uma convenção para um sotaque dito neutro, baseado na linguagem que estamos acostumados a ouvir nos jornais e nas novelas de abrangência nacional. “No entanto, com a possibilidade de alcançar públicos de forma cada vez mais personalizada, vemos um aumento no número de campanhas criadas pensando na pluralidade de sotaques, dialetos e diversidade que temos no Brasil e que ajudam campanhas e marcas a se aproximarem do público por meio de uma linguagem que é mais facilmente reconhecida por quem ouve as campanhas criadas”, afirma.

O produtor musical Hilton Raw, sócio e fundador da Raw Audio, lembra que antes as locuções eram mais pasteurizadas. “A gente brincava que todo mundo tinha que falar com aquele sotaque global, que não era o sotaque carioca porque nem os próprios cariocas, na Rede Globo, falavam como cariocas. No entanto, havia uma unidade de sotaque. Hoje, com a valorização da diversidade, os sotaques ganharam outro status e refletem a diferença entre as regiões brasileiras na forma como as pessoas vivem e existem”, diz.  

Com ampla experiência de criação de peças de áudio para marcas que atuam fora do Brasil, a Vox Haus atende clientes nos Estados Unidos (Bose e Manscaped), além de grandes empresas com base no Oriente Médio (Honda, Pizza Hut, Adidas e Cadillac).

“Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, um país pequeno, conta com mais de seis dialetos. Quando expandimos essa realidade para o Brasil, um país multicultural, entendemos que existem diversas possibilidades na criação de peças publicitárias”, reforça Gugelmim, destacando que as marcas com as quais a produtora trabalha buscam um craft no áudio, o que significa ter o som e a música como parte ativa no storytelling das campanhas criadas.

Ainda segundo Matheus Gugelmim, seja para contar uma ideia ou para divertir o público, são marcas que acreditam que o áudio não é um coadjuvante das campanhas, e sim, um protagonista tanto quanto a própria campanha. “Sempre costumo dizer para os nossos clientes que para a parte visual, podemos escolher fechar os olhos e não ver. Para o áudio, no entanto, mesmo que não estejamos olhando, não temos como fechar os ouvidos”, lembra.

Sobre as diferenças dos mercados nacional e internacional na forma de trabalhar, o criativo afirma que a principal está em relação ao cronograma dos projetos, pois no Brasil, a produtora está acostumada a trabalhar rápido e com alta qualidade, quase como atletas de alta performance.

“Determinadas campanhas são corridas de 100 metros rasos. No exterior, a grande maioria das campanhas são maratonas de 40km e algumas são provas de Ironman. Não acho que exista nada de errado entre as duas abordagens, inclusive, acredito que a abordagem brasileira é a que faz com que o criativo brasileiro seja tão valorizado no exterior”, compara.

Para o diretor de projetos da Vox Haus, a velocidade que as produtoras têm na resolução de problemas e mais do que isso, a proatividade em resolvê-los é que faz com que as empresas brasileiras sejam tão valorizadas fora do Brasil. “Nossa habilidade de entregar projetos grandes, em pouco tempo, com foco no craft e na qualidade do material criado é parte do que faz com que a receita brasileira caia no gosto de outras culturas”, finaliza.

Sobre a Vox Haus

Produtora de áudio com sede em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, criada em 2016 por Matheus Gugelmim e Daniel Dalla Corte. A formação em Música e Tecnologia na Universidade Federal de Santa Maria, de ambos os profissionais, trouxe uma expertise em produção de áudio com foco no uso da tecnologia para gerar resultados. Com a filosofia “We Listen”, a Vox Haus acredita que, antes de se criar e produzir, é preciso ouvir; ouvir o mercado, as referências, os clientes, as dores e os desejos dos consumidores. Só a partir disso, é possível entregar o melhor resultado por meio do craft, do máximo de atenção a cada pequeno detalhe. A Vox Haus já conquistou importantes prêmios como Clio, por uso de música original; Cannes Lions, Lia, One Show, D&AD, entre outros importantes festivais. Este ano, ficou entre as 20 melhores produtoras de áudio do mundo no ranking do One Club for Creativity.

Matheus Gugelmim, sócio e diretor de projetos da produtora de áudio Vox Haus.